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Crise Hídrica é foco de abertura em Campinas


Iniciou-se, na noite desta terça-feira (21), o Preparatório de Campinas para o 8º Fórum

Mundial da Água, evento promovido pelo

Sistema Confea/Crea e Mútua – em parceria

com a Associação de Engenheiros e Arquitetos de Campinas (Aeac) -, que reúne gestores públicos, profissionais e pesquisadores das áreas de meio ambiente, água e energia, a fim de discutir as possíveis soluções para a situação desafiadora que é a gestão adequada dos recursos hídricos. A proposta é coletar e sistematizar contribuições de profissionais da localidade para levar ao 8º Fórum Mundial da Água, que será em Brasília em 2018. Até o fim do ano, o Confea vai realizar encontros como esse nas cinco regiões brasileiras. O encontro de Campinas segue até quinta-feira (23).

Em seu discurso de abertura, o presidente do Confea, eng. civ. José Tadeu da Silva, colocou o seguinte paradoxo em debate: se o Brasil é a maior potência hídrica do mundo, por que São Paulo – não só a maior cidade brasileira, mas também a maior cidade da América Latina – passou pela crise de 2014? “Como vamos resolver isso? Se na maior potência hídrica do mundo falta água! Sem água não dá para existir. Tudo o que tem vida precisa de água”.

José Tadeu explicou sobre a organização do 8º Fórum Mundial da Água e da participação do Confea na Seção Brasil do Conselho Mundial da Água, espaço que conquistou ao realizar a Conferência Internacional de Água e Energia, em julho de 2016. “Temos que chegar em 2018 com um debate de alto nível, representando bem a área tecnológica brasileira. O mundo todo estará aqui para discutir o futuro da água, e o Confea e os Creas são os legítimos representantes da engenharia e da agronomia brasileira”. Ele explicou que as discussões em todo o território nacional servirão para embasar o conteúdo a ser apresentado pelo Confea no Fórum, “para que cheguemos lá e tenhamos condições de mostrar para o mundo que a engenharia e a agronomia do nosso país não ficam devendo nada às engenharias do resto do mundo”.

Mineiro de Ouro Fino, o presidente do Confea dividiu com os participantes sua primeira experiência com enchente no município mineiro, em 1959, quando tinha seis anos de idade. Ao resumir a história da família, contou um dos motivos para a escolha de Campinas como estreante da série de eventos regionais preparatórios para o 8º Fórum Mundial da Água. “Quando eu tinha 17 anos viemos toda a família para Campinas. Tudo o que tenho devo a esta cidade”, compartilhou.

Ao recepcionar os participantes, o anfitrião do evento, presidente do Crea-SP, eng. telecom. Vinicius Marchese Marinelli, rememorou a crise de abastecimento de água que o estado de São Paulo sofreu há pouco mais de dois anos. Marinelli afirmou esperar que os três dias de encontro rendam sugestões de encaminhamentos e soluções para o abastecimento sustentável de água. “Aqui estão as pessoas mais capacitadas do estado de São Paulo e do país”. O presidente do regional paulista citou um dos sistemas paulistas de distribuição como exemplo em comparação à média nacional: segundo ele, Jundiaí tem 34% de perda de água na distribuição. A média do Brasil é 40%. Marinelli mencionou que nos países de primeiro mundo, perde-se cerca de 20% de água no momento da distribuição. “Para nós, 33%, 34% são níveis aceitáveis, mas há um campo imenso de possibilidades de melhoria. Não há área mais competente para discutir isso do que a área tecnológica, e nós estamos trazendo esse debate para dentro de casa”.

Já o presidente da Federação Mundial de Organizações de Engenheiros (Fmoi), eng. mec. Jorge Spitalnik, resgatou a conferência internacional realizada pelo Sistema Confea/Crea e Mútua em julho de 2016, que tratou de novas abordagens da engenharia para o fornecimento sustentável de água e energia. “Vale a pena destacar algumas das conclusões resultantes da conferência, de forma que sirvam de embasamento para as deliberações que aqui terão lugar”. Spitalnik selecionou como temas prioritários o fenômeno global da urbanização; as mudanças climáticas; as soluções locais e regionais de fornecimento de água; e as políticas baseadas em evidências factuais e científicas independentes de postulados ideológicos.

As iniciativas práticas da Mútua voltadas para o uso racional da água foram citadas pelo diretor-presidente da instituição. “Há um tempo já estamos trabalhando a temática ‘água’, com campanhas educativas e de conscientização sobre o uso desse recurso. Neste ano seguimos nessa linha, agora com foco na participação de eventos do segmento, no desenvolvimento de ações e propostas voltadas para o Fórum Mundial, que será um março”, afirmou o dirigente da Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea, eng. civ. Paulo Guimarães.

Gestão técnica de recursos hídricos

Representando a Comissão Organizadora do evento, o presidente da Associação dos Engenheiros de Campinas, eng. civ. Paulo Sérgio Saran, enalteceu a importância do papel dos profissionais da área tecnológica na gestão adequada dos recursos hídricos. “Somos nós os indutores e os principais atores das soluções para o equacionamento do abastecimento de água, desde os projetos até as obras nas empresas de saneamento, nas construções sustentáveis, no desenvolvimento de equipamentos de distribuição racional, no reúso na conscientização da população, enfim em todas as etapas da gestão desse recurso natural”, destacou Saran.

O secretário do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Rogério Menezes, representando o prefeito municipal Jonas Donizetti, também ressaltou a relevância de o Confea promover o preparatório no município paulista, que vem enfrentando desafios na gestão da água. “Em função da crise hídrica do Sistema Cantareira, tivemos por exemplo a suspensão de outorga de bacia Piracicaba-Capivari-Jundiaí por dois anos. Dessa situação de enfrentamento, tiramos a lição de que precisamos de mais engenharia e capacidade técnica para evitar problemas sérios como esse. Recebê-los em Campinas é uma satisfação; que o trabalho aqui seja profícuo”, pontuou o secretário que foi aplaudido pelo público de participantes do evento.

O diretor-presidente da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa), Arly Romeo, também apontou a crise hídrica que abateu a Região Sudeste no fim de 2014 como lição para gestores, para técnicos e para a população em geral. “Foi uma crise sem precedentes, que certamente será tema deste evento”. Segundo ele, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabelece como ideal das bacias hidrográficas distribuírem 1,5 mil litros por pessoa a cada ano. A Bacia Piracicaba, Capivari e Jundiaí apresenta um índice de 350 a 400 litros anuais por pessoa. Ainda assim, Romeo se orgulha dos números da cidade: “Campinas trata, hoje, 90% de seu esgoto, e temos o menor índice do país de perda de água na distribuição: 19%”. Para Romeo, além de discutir água, fóruns como este devem abarcar também saneamento, cujos problemas impactam diretamente na saúde. “Vocês são o cérebro desse processo”, concluiu.

Aos participantes, o presidente da União Panamericana de Associações de Engenheiros (Upadi), eng. civ. Edemar Amorim, desejou bons trabalhos e debates. “Que seja um evento eficiente e que os resultados das discussões sejam produtivos para o Fórum Mundial da Água”.

Também participaram da abertura o vice-presidente do Confea, eng. agr. Daniel Salati, os coordenadores do Colégio de Entidades Nacionais (Cden), eng. agr. Angelo Petto Neto, e do Colégio de Presidentes (CP), eng. eletric. Modesto Ferreira Santos Filho, e o presidente da Federação Nacional de Engenheiros (FNE), eng. eletric. Murilo Pinheiro.

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