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Especialistas em clima debatem perspectivas pós-COP23 para SP


O objetivo do evento foi apresentar um balanço sobre os principais acontecimentos da COP e discutir como isso reflete na política de mudanças climáticas de São Paulo.
Texto: Anna Karla Moura

A equipe do Sistema Ambiental Paulista esteve reunida com especialistas em mudanças climáticas na terça, 5 de dezembro, no encontro “COP 23: Perspectivas para São Paulo”. O objetivo do evento, que aconteceu no Auditório Augusto Ruschi, foi realizar um balanço sobre os principais acontecimentos da COP deste ano e discutir como isso reflete na política de mudanças climáticas para o Estado de São Paulo.

O secretário do Meio Ambiente, Maurício Brusadin, abriu o debate destacando que na área ambiental, é inconcebível pensar em mudanças climáticas sem ter um olhar globalista. “Todos nós da área ambiental somos, por natureza, globalistas. Por isso, precisamos pensar em saídas globais. Quando se trata de mudanças climáticas, é impossível encontrarmos saídas, se olharmos apenas para os problemas do nosso estado”. Disse ainda que é importante que São Paulo continue em destaque no eixo do debate internacional da agenda do clima e que permaneça pautando o restante do país neste assunto. “Nós tivemos uma Política Estadual de Mudanças Climáticas antes mesmo de existir uma política nacional sobre o tema”, lembrou o secretário. Sobre isso, o ambientalista Marco Antonio Mroz falou que “se São Paulo não avançar no tema, não serão os outros estados que irão fazê-lo”, reforçando o protagonismo do Estado na agenda climática internacional.

O ambientalista e ex-secretário do Meio Ambiente, Fábio Feldmann falou sobre os desafios a serem enfrentados no âmbito político. “Muitas vezes as ondas conservadoras acabam nos atingindo e questões que achávamos que já estavam superadas, ressurgem. Nós precisamos unir esforços para evitar o retrocesso […] Quando você pensa que o Brasil está caminhando para uma economia de baixo carbono, vem uma medida provisória dando enormes incentivos à indústria do petróleo”, frisou. Feldmann elogiou a iniciativa da Cetesb de propor que os gases de efeito estufa sejam incorporados aos padrões de controle e redução de emissões estabelecidos pelo Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos). A proposta mencionada por ele e que foi entregue ao IBAMA, foi apresentada no evento por Vanderlei Borsari, da Diretoria de Engenharia e Qualidade Ambiental, da Cetesb.

Carlos Roberto dos Santos, presidente da Cetesb, destacou que a Companhia tem evoluído em matéria de novas tecnologias para efeito de medição das emissões e mencionou a importância dos inventários de gases de efeito estufa feitos pela empresa. “O nosso novo inventário será elaborado de forma automatizada, com o uso da melhor tecnologia disponível no mundo. Esse material nos direcionará aqui na Cetesb e na Secretaria do Meio Ambiente para tomarmos decisões corretas, acertadas e seguras no âmbito das mudanças climáticas”.

A assessora internacional da SMA, Jussara de Lima Carvalho, reforçou as ações do Sistema Ambiental Paulista no tocante às mudanças climáticas e apresentou dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa) para as emissões do Brasil e do Estado de São Paulo.

A necessidade de equilíbrio entre ciência e política, quando se trata de mudanças climáticas, foi evidenciada por Gerd Sparovek, que é presidente da Fundação Florestal e também professor da USP. Sua colocação foi reforçada por Pedro Jacobi, presidente do Conselho Diretor do ICLEI América do Sul, que afirmou que é necessário aproximar as duas áreas. “São dois movimentos que precisam ser cada vez mais calibrados. Não se pode pensar em mudanças climáticas sem o apoio da ciência, nem sem o apoio da política”, destacou.

Jacobi ainda enfatizou que os próximos três anos são críticos para proteger o acordo de Paris e o Clima Global, o que foi endossado por Carlos Ritti, secretário executivo do Observatório do Clima.

Usando um software desenvolvido pelo MIT (Massachusetts Institute os Technology), Oswaldo Lucon, assessor para Mudanças Climáticas da SMA, demonstrou ao público do evento quão grande é o desafio de manter o aumento da temperatura global em só dois graus nos próximos anos. Destacou algumas inciativas que podem ajudar o Brasil a conter as emissões, como acabar com o desmatamento, estabelecer compromissos de longo prazo para a mudança da matriz energética e atuar de maneira forte e proativa nas negociações. Mencionou ainda o “Diálogo de Talanoa”, uma das novidades da COP deste ano. Talanoa é uma palavra usada no Fiji (que presidiu a COP 23 com apoio da Alemanha) e em outras ilhas do Pacífico para remeter a um processo de diálogo inclusivo, participativo e transparente. A proposta de Talanoa é compartilhar histórias, construir empatia e tomar decisões sábias em prol do bem coletivo, o que é muito apropriado no contexto de uma COP.

Cezar Capacle, secretário executivo da ANAMMA (Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente), afirmou que a grande e grata surpresa que a COP23 trouxe foi o papel de centralidade que os governos subnacionais assumiram nas discussões da Cúpula deste ano. Dal Marcondes, diretor da Envolverde e jornalista responsável pela mediação do debate, também destacou o importante papel dos municípios no debate. Defendeu que é necessário tornar o tema das mudanças climáticas algo acessível, diluído, desmistificado, bem como fortalecer a percepção dos gestores e munícipes em relação à agenda climática. “O cidadão é impactado na cidade”, disse.

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